Semana passada realizou-se com brilho que superou todas as expectativas a “3ª Semana Design Rio”, acontecimento que transformou a cidade do Rio de Janeiro num polo de discussões e de divulgação das últimas tendências da indústria criativa brasileira.Exposições, debates e palestras aconteceram no Jockey Club da Gávea, com a participação de designers, arquitetos, engenheiros pesquisadores, artistas, artesãos de todas as áreas e profissionais especializados. A “Semana” teve o propósito não só de promover o Design mas, acima de tudo, de valorizar as atividades relacionadas à indústria criativa. Temas os mais diversos foram abordados tais como os relativos aos processos de criação, ao uso de materiais alternativos, ao marketing e às estratégias de lançamento de produtos. No entanto, o fato mais importante foi o de mostrar que a produção criativa não é apenas “coisa de artistas”, mas sim importante alavanca de negócios e de desenvolvimento. O primeiro país que usou o termo “indústrias criativas” foi a Austrália, no início da década de 1990. Na Inglaterra, porém, a ideia ganhou maior impulso e tornou-se objeto de política pública no contexto das novas ações implantadas em decorrência da ascensão do New Labour, liderado por Tony Blair. As indústrias criativas significam o conjunto de atividades variáveis originadas da vocação de uma região ou país visando gerar riqueza, trabalho e arrecadar divisas. Nelas, a criatividade é uma dimensão essencial, considerando que as mudanças econômicas e sociais deslocaram o foco das atividades industriais para as atividades intensivas em conhecimento localizadas no setor de serviços. De acordo com Ana Jaguaribe,[2] as indústrias criativas representam um conjunto de atividades econômicas que ultrapassa os limites tradicionais entre a produção e o consumo. As atividades que compõem o núcleo das indústrias criativas não são novas, por si mesmas, e têm ampla abrangência, pois lidam com a interação de vários subsetores. A classificação de indústrias criativas, segundo a Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad), se divide em quatro categorias amplas – patrimônio cultural, artes, mídia e criações funcionais – subdivididas em oito áreas, quais sejam:Em minha perspectiva é mais coerente restringir o termo “indústria criativa” a uma indústria na qual o trabalho intelectual é preponderante e o resultado alcançado é a propriedade intelectual. (John Howkins)[1]
- Artes visuais – Pintura, escultura e fotografia;
- Mídia tradicional – Edição e mídia impressa Livros, imprensa e outras publicações;
- Design – De moda, tecidos, móveis, interior, gráfico e de joias;
- Patrimônio Cultural – Artesanato, expressão cultural tradicional, festivais, celebrações e espetáculos;
- Novas mídias – Conteúdo digital, software, jogos, animação;
- Artes dramáticas – Música, teatro, dança, opera, marionetes, circo entre outras;
- Audiovisual – Cinema, difusão, televisão e rádio;
- Serviços criativos – Arquitetura, propaganda, P&D e serviços culturais, artes em geral e criações funcionais – lazer e turismo).
- Colaboração – formar redes de grupos que se envolvem com economia criativa para aprender e evoluir de forma conjunta. Os grupos que não possuem um contato forte não conseguem partilhar corretamente o que estão produzindo nem como estão produzindo;
- Multidisciplinaridade – valorizar ligações interpessoais, agregando conhecimento e envolvendo aqueles que sabem de tudo um pouco;
- Crítica – saber dar e receber críticas construtivas. O brasileiro tem problemas em dar e receber feedback;
- Pensamento Global – pensar localmente, agir globalmente.